terça-feira, 25 de novembro de 2008

Análise - Le Monde


Elemento de análise, o jornal Le Monde reúne quase todas as especificações concernentes ao jornalismo hipermídia moderno, utilizando-se da estrutura fragmentada e heterogênea da linkagem na produção de conteúdos noticiosos. Leve, claro e superlotado em informações, o periódico é exemplar na exploração dos recursos online, mas apresenta, de fato, algumas potencialidades ainda incipientes.

A homepage é muito elaborada e diversificada, às vezes confusa, dados os distintos assuntos e subdivisões. Fusão necessária e inerente, a alternância visual entre os elementos de interatividade, personalização e multimidialidade é, por vezes, exagerada, sendo relativamente difícil selecionar ou encontrar imagens, vídeos ou documentos em áudio. As reportagens, divididas em muitas colunas, se misturam nas editorias, nos conteúdos e na relevância, sempre aparecendo introdutórias na página inicial, atreladas aos respectivos links.


Ladeadas pelas propagandas - poucas e bem-localizadas -, as matérias constituem verdadeiro mosaico de participação e entretenimento. Interativo, o site tem enquetes variadas, blogs abertos à discussão dos temas, fóruns de opinião e serviços de utilidade pública (mapas, meteorologia, trânsito).

Essencialmente jornalística, a webpage não possui incorreções graves no sistema de transmissão de informações. Há coesão na disposição das notícias, sempre em destaque, e as editorias estão organizadas, facilitando a busca específica por determinados assuntos. Os links, apoiados na função paratextual, são delimitados e auto-explicativos, quase sempre disjuntivos, convertendo o conteúdo da página no click desejado, e são díspares as conexões externas, apenas presentes nos serviços não cabíveis ao grupo midiático.

Mostram-se abundantes e sistemáticos os conectores organizativos. Existem alusões às diferentes seções do site em todos os lugares, permitindo navegação rápida entre os conteúdos. Presentes em igual quantidade, as ramificações de acontecimento, detalhamento, oposição, exemplificação, complementação e memória remetem a outros assuntos, interligam temas, desdobram reportagens, retornam aos arquivos e reforçam o desempenho informativo do jornal, excelente na veiculação completa e esmiuçada das reportagens.


Pequenos e sintéticos, os textos online corroboram o novo jornalismo digital, nascido com as profusões tecnológicas da internet. Evitando as leituras cansativas e desagradáveis, a estruturação dos links está em acordo com a linearidade lógica do conteúdo, mas não perde profundidade. Admitido que a página é, de fato, enorme, muitas conexões internas reaparecem pelos vários níveis da página, interligadas à interação e aos efeitos multimídia.

A diagramação publicitária do Le Monde é restrita e obediente ao privilégio da informação, agregando poucas e estratégicas propagandas: algumas no topo da homepage, outras espalhadas pelo resto da página, sempre discretas e laterais em relação às reportagens. Não há o costumeiro exagero nas veiculações comerciais, e estas só se tornam mais intensas e obrigatórias à navegação nas divisões internas do site.


Criados com o aplicativo multimídia Flash, quase todos os anúncios buscam interatividade com o leitor, servindo como links disjuntivos e redirecionando a página à home da empresa publicitária. Os demais, centrados na entrada do jornal, são estáticos, mas também atendem à mesma interatividade. Dentre os tipos, destacam-se: companhias de apostas online, montadoras de automóveis, linhas aéreas, cartões de crédito e propagandas internas, referentes ao grupo da publicação. Não existem os chamados pop-ups, nem nas páginas adicionais e ramificadas, algo vantajoso, dado que o sistema costuma ser rejeitado pelo público.

Ressalte-se ainda a organização lógica da distribuição do marketing. As ofertas não aparecem superiores ao conteúdo informacional, mas sempre subjugadas às notícias, mesmo quando nas barras superiores da página. Estreitas, elas chamam a atenção, sim, mas imediatamente direcionam o olhar ao que, de fato, interessa na composição do layout: a matéria. Esse respeito é essencial ao jornalismo, que consegue integrar-se à publicidade com competência e coerência.

Existem, contudo, algumas falhas e faltas. Já abordada, a imperfeição nos links audiovisuais retrai as informações e não permite o devido aproveitamento dos recursos virtuais. Exageradamente grande, a homepage confundirá o leitor desacostumado com a linguagem hipertextual. Perdido, ele precisará se adaptar à pluralidade de matérias, anúncios e serviços misturados na diagramação, que poderia ser mais retangular e fracionada, separando conteúdos e subpáginas. Trata-se, sem dúvidas, de um ótimo jornal, completo, moderno e renovado, mas as mudanças seriam facilitadoras, aproveitáveis e interessantes.

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